sábado, 27 de outubro de 2012



E era tanta sede de conhecimento que ela lia livros e mais livros, lia de tudo: desde de psicologia avançada a literatura francesa, do popular ao cult, do irreverente ao sóbrio. Lia sem maiores pudores o que aparecesse na frente: revista de sala de espera, bula de remédio, panfleto de politico, bíblia e até mesmo os ingredientes que ficavam descritos no verso dos produtos que consumia. Lia tão desesperadamente, que as vezes deixava de comprar roupas novas para alimentar seu vicio, e de tanto ler as história incríveis que nunca viveu, foi ficando triste. E em seu semblante que por vezes tinha que encarar no espelho lia-se o peso dos dias não vividos, dos personagens não descobertos, cheiros não sentidos, gostos, toques, risos, gestos, mundos e de tudo aquilo que não cabia nos livros, que estava ali tão perto e ao mesmo tempo tão distante. E aquela sede que agora a afogava, deu lugar as lágrimas que foram se secando nas próprias páginas dos livros silenciosos e cúmplices. Os mesmos livros que depois passaram a enfeitar a estante, enquanto ela saia para viver. Ela dizia para seus filhos antes de ler para eles dormirem: "Ler é bom, mas escrever a própria história é ainda melhor. Tudo na vida é uma questão de equilíbrio".  - Luan Emílio Faustino

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