terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

O número que apaguei


E se eu ainda tivesse o seu número, eu teria te ligado… Eu teria me aproveitado da ausência da minha sobriedade e te ligaria em um daqueles momentos de coragem que o álcool nos proporciona. Mas eu não o tinha mais, eu apaguei ele, rasguei suas fotos, deletei tudo e qualquer vínculo que pudesse haver entre nós, fossem eles reais ou virtuais. Mas mesmo deletando todo aquele contéudo que ocupava tantos gigas e gavetas algo ainda sim ficou em mim. Algo que eu custava admitir e vivia a negar como se eu pudesse me enganar, tolo engano... A cada vez que eu dizia que tinha te esquecido e me pegava pensando em você era como se eu estivesse vivendo uma farsa, dessas que de tanto a gente ensaiar acaba soando natural, mas por favor, não me julgue. Eu não estava tentando ser feliz para te atingir, eu realmente queria ser, da forma que desse pra ser, mas não deu. É... Quem nunca sorriu por fora e chorou por dentro que atire a primeira pedra. E eu tentei, eu juro que tentei, eu me desdobrei na tentativa de seguir em frente, mas quanto mais eu tentava, mais ficava evidente que eu permanecia no mesmo lugar. E eu me vi sozinho olhando para o celular e imaginando como seria poder ouvir sua voz mais uma vez, sem saber ao certo o que iria dizer, pois de uma forma ou de outra tudo muda quando ouço sua voz, mas eu realmente teria te ligado hoje sabe... Nem que fosse para o telefone tocar, tocar, tocar, tocar, tocar e tocar, e você não atender porque estava dormindo ou me ignorando, ao menos você saberia que eu estava pensando em ti. Por que tudo o que eu queria naquele momento era poder me fazer presente como antigamente, mas eu não te liguei e a bebedeira passou e com ela a coragem também. E tudo o que me restou daquele momento foram as fotos que mais tarde você vai ver, todas cheias de sorrisos ao lado de pessoas que eu nem sei o nome. E eu sei que você vai pensar: “Nossa como ele conseguiu seguir em frente rápido!”, mas eu continuo aqui viu?! No mesmo lugar, eu e o meu orgulho que não me deixa expor nada disso, todos cheios de sobriedade, cheios de falsas convicções e sem o número do seu celular para não correr o risco de te ligar.



Luan Emilio Faustino

4 comentários:

  1. Eu diria que seria apenas para os fortes deixar o passado para trás e abrir o coração para novas histórias, mas acho que posso dizer que também é apenas para os fortes não ter vergonha de seus reais sentimentos e ainda expô-los.

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  2. Concordo com as palavras do Nick e, bem, sei bem o que é isso. Hoje em dia, de uma forma diferente. O número ainda está no celular, por isso evito beber. O pior é que tamanho é o sentimento que, mesmo sóbria, acabo por deslizar os dedos entre as teclas e lhe enviar algo. Quando há intensidade nos sentimentos, difícil é saber quando se está sóbrio. Quando não estamos sendo levados pelo álcool, sabemos que, o que nos deixou embriagados, foi o amor.

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  3. Nossa!!
    Que palavras!!
    Não canso de ler o que você escreve meu amigo!
    Parabéns infinitas vezes!!
    Grande abraço!
    Celso.

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  4. Tem como não chorar lendo esse texto? Tem como não se identificar, não sentir? Passado é um tempo fluente. Memórias são construídas a todo instante. Mas isso não quer dizer que são comuns e que por serem várias seu valor é pequeno. Certas memórias custam um preço tao alto que nem a eternidade pode pagar. Às vezes faz sorrir, outras vezes traz uma lágrima a tona. Não se trata de viver de passado ou de lembranças. Se trata de ter uma passado tao bom e memorável, que se faz presente nos dias de hoje.

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