Sobre o Tempo e as Pessoas

 

O tempo... Às vezes me pego pensando no tempo e nas pessoas. Ambos passam em nossas vidas, a impressão que fica é quanto mais o tempo e as pessoas passam, menos chances temos de encontrar a tempo a pessoa certa.

Então se estabelece uma corrida não declarada, onde o trajeto não é definido, mas sempre nos leva à lugar nenhum, pois entre o tempo e as pessoas existe o acaso que faz com que todo o nosso esforço pareça em vão.

  A verdade é que os melhores encontros não são marcados, eles acontecem sem que possamos prever, nas esquinas da vida, nos olhares distraídos, no ato despretensioso de apenas querer chegar em casa.

  É engraçado e ao mesmo tempo desesperador pensar que ao passo em que conhecemos mais pessoas, menos domínio temos do nosso tempo, e ainda que ambos sejam indomáveis tentamos em vão administrar tudo aquilo que não nos pertence, pelo simples fato de querer pertencer a algo.

Mas... E se tudo for uma grande ilusão? Se o tempo não passar de uma invenção dos homens? Seriamos vítimas ou culpados? Peças ou jogadores? A metafísica me incomoda de tal forma, que se um dia eu a encontrasse num desses sonhos surreais, deixaria ela desnorteada com as perguntas sobre a sua própria existência.

E falam que o tempo é sábio e que as pessoas são tolas, e devem ser mesmo porque foram elas próprias que estabeleceram esse complexo de inferioridade. Porque não desafiar as instâncias do tempo? Quem foi que disse que o pra sempre é todo dia?

 Existem tantas pessoas que passam em nossas vidas, às vezes me sento em um desses bancos de praça e fico observando sem levantar suspeitas, é meio autista da minha parte, eu sei, mas eu fico ali imaginando qual delas valeria a pena uma abordagem repentina, ai eu ensaio mentalmente diálogos de primeiro encontro e antes mesmo que eu possa concluir meus pensamentos elas já se foram da mesma forma que chegaram.

  Dói, dói imaginar que entre uma delas poderia estar o grande amor da minha vida, e então eu meu culpo por minha falta de atitude até que outra parte de mim me absolve com o pensamento: “não se culpe seu tolo, se fosse o amor da sua vida, você o reconheceria”. Eu não tenho tanta certeza...

Acredito que o tempo seja o nosso melhor recurso para chegar até elas, ainda que o próprio seja uma verdadeira incógnita.

O tempo faz as pessoas, as pessoas se desfazem do tempo. Mas o mais curioso dessa história são as semelhanças entre o tempo e eu, talvez ele seja um pouco parecido com aquele garoto que fica sentado no banco da praça observando as pessoas passarem, e eu sei, que cedo ou tarde eu passarei por ele sem nunca mais voltar, até lá, eu só espero encontrar alguém, alguém que possa compartilhar comigo a essência atemporal dos sentimentos.

Luan Emilio Faustino 01/01/2011 – 19:55h