sábado, 25 de setembro de 2010

Perfeita Solidão

 
Eis um grande paradoxo: quanto mais pessoas existem no mundo, mais as pessoas se sentem sozinhas. Existe uma epidemia chamada solidão, é uma espécie de vírus contagioso que nós seres humanos espalhamos toda vez que praticamos o nosso individualismo.
Somos vitimas de uma doutrina na qual a cartilha nos ensina a pensar primeiro em nós e depois nos outros.Parece que se trata de um mecanismo de auto defesa, desses que a natureza sabiamente colocaria em uma de suas criaturas para manter a sua sobrevivência, mas não é... É coisa do homem mesmo e que fique bem claro, para que a maior vítima não apareça convenientemente como a culpada dessa história.
O homem tem a péssima mania de negar a sua culpa e atribuir a aos inocentes tudo aquilo que a sua covardia os impedem de assumir. Faz parte da imperfeição humana vender uma imagem de perfeição.
Ele acredita tão veementemente no conceito de perfeição que vive a procurar nos outros tudo aquilo que nem ele mesmo pode oferecer. E por procurar algo que não existe, ele nada encontra além das ilusões que ele mesmo inventa.
Sim... Somos todos grandes inventores e nem mesmo os mais avançados recursos tecnológicos do mundo contemporâneo foram capazes de suprimir essa carência que poucos tem a coragem de assumir.
As ruas estão cheias de pessoas muito bem ocupadas com seus fones de ouvidos, celulares multifuncionais e você procura olhar a sua volta com olhos conformados, mas não consegue, pois sente que esta faltando algo.
Talvez seja essa a pior das solidões: aquela em que se vive com um monte de pessoas a nossa volta. Porque se ao menos vivêssemos em uma completa solidão, poderíamos desenvolver a esperança de um dia encontrar alguém que pudesse preencher esse vazio. No entanto, são tantas pessoas, tantas distrações que fica difícil acreditar que alguém possa nos notar.
Conviver bem com os nossos defeitos em um mundo em que se ostenta a perfeição é um exercício diário que requer prática. Não se trata de conformismo ou de querer agradar os outros; trata-se de se amar da maneira em que se é. Eu sei que parece redundante em um mundo individualista pregar o amor próprio, mas as pessoas precisam ter amor em si mesmas para poderem ter o que oferecer.
E quem sabe asssim, aprendendo a amar as suas próprias imperfeições elas possam ser um pouco mais tolerantes com as dos outros. No fundo as pessoas só querem ser aceitas como elas são e por medo da rejeição acabam aceitando qualquer coisa, até mesmo a solidão.

Luan Emilio Faustino 20/07/10 - 19:49h

Um comentário:

  1. Li esse texto por indicação de uma amiga minha, chamada Amanda...e esse é um dos txtos mais perfeitos que ja li! não tenho nem palavras suficienta para elogiar-te...Muitooo bom o texto!

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