sábado, 25 de setembro de 2010

Das cartas que nunca mandei – Parte III


Destinatário: F.A.F

Receio que escrevendo, as palavras percam um pouco da emoção, percam um pouco do sentimento que se perdeu em meio ao tempo. Receio que lendo esta carta, algo de essencial se perca e as palavras se tornem apenas um conglomerado de letras meramente organizadas.
Não espero respostas, escrevo com a intenção de ser relido varias vezes, para que no exato momento em que seus olhos tocarem minhas palavras eu possa vivenciar mediante a uma conexão entre a obra e seu autor, a utopia de sentir seus olhos pesando mais uma vez sobre mim.
Eu estou com aquela sensação estranha que precede os atos dos quais não temos controle sobre a situação. Você sabe exatamente o que quer, mas não consegue calcular as possíveis conseqüências. Mas eu não temo as suas reações, temo justamente a ausência delas.
Simplesmente não posso aceitar a indiferença de quem faz a diferença em minha vida, parece um trocadilho bobo, eu sei, mas foi preciso muita coragem para trazer ele a tona.
Ontem mesmo estive relendo as cartas que você me mandou, não que eu não as tenha lido hoje, mas é que ontem elas me doeram de uma forma diferente. Um tipo de dor estranha que se mistura com a felicidade e a lucidez.
Porque quando reparei em sua letrinha infantil e as carinhas que costumavam decorar suas cartas eu reafirmei para o meu Eu descrente que um dia houve amor onde hoje há... Desculpa... Eu não sei o que há ai hoje...
Eu poderia apagar minhas palavras e recomeçar de forma mais objetiva, mas eu quero compartilhar a minha linha de raciocínio, mesmo ela não sendo das mais lineares.
E se você por ventura se perder em meio à carta, então ela terá cumprido o seu papel. Pois tenho a ingênua esperança de que é preciso se perder para poder se encontrar, ainda que nesse caso se trate de um reencontro.
Penso no que fomos e no que nos tornamos, meus pensamentos são assim desde que te conheci: sempre no plural. Porém por incapacidade de adaptação a solidão eu mantive a mesma forma de pensar.
O pior não é escrever as cartas que não serão entregues, mas esconder os sentimentos que nunca serão correspondidos. É por isso que eu as guardo comigo, uma a uma, em uma espera silenciosa onde o tempo é um mero obstáculo que separa o que o acaso um dia uniu.
Talvez um dia minhas cartas sejam lidas, talvez elas se percam no tempo, por hora contento-me em escrevê-las, foi à forma que encontrei de acalmar a alma e te fazer presente em cada dia da minha vida. E se resolveres fazer aquela pergunta que costumávamos fazer antes de nos despedir, eu lhe respondo sem pensar duas vezes: sim, eu ainda vou te amar amanhã de manhã.

Luan Emilio Faustino 25/09/2010 – 02:13h

4 comentários:

  1. Mais uma vez, texto lindo... E o melhor eh nao saber pra quem exatamente é o texto... hehehehe
    Parabéns!!!!
    Blog lindo tbm...
    Adoroooooo

    ResponderExcluir
  2. é Luh essa carta é a melhor das outra Tres
    é vc nao quis me falar qm é o destinatario, mais ja imagino qm é

    lindo texto
    vc sempre escreve muito bem
    adoro tds seus poemas e seus textos

    e é claro adoro vc tmb ♥

    ResponderExcluir
  3. To soluçando! Cada palavra doeu em mim. Lindo texto!

    ResponderExcluir
  4. Que texto clichê e mal escrito.

    ResponderExcluir