sábado, 25 de setembro de 2010

O Menino do Castelo de Cartas



Ele era um menino tímido que só conseguia falar de si mesmo por intermédio de metáforas. Ela era o tipo de garota que deixaria qualquer garoto embaraçado, pelo simples fato de ser apaixonante. Ele a temia, ela o encorajava.

- Eu me vejo como um castelo de cartas enorme, muito mais frágil que imponente do que os castelos deveriam ser... Até um pouco cômico, mas em volta há uma muralha para proteger o castelo de tudo o que o mundo externo tem de destrutivo e mau, uma muralha muito alta por sinal. Contudo o que pode fazer uma muralha contra um furacão?

- A pergunta é: o que há do lado de dentro da muralha esta completo? Por que ao fechar as portas para um furacão, por mais que ele lhe meta medo e lhe tire algumas coisas, você impedirá que entre aquilo que pode estar lhe faltando... - Ela fez uma pausa e continuou cautelosa - às vezes, não que este seja o caso, a gente precisa renunciar aquilo que somos para nos tornarmos aquilo que podemos ser.

- O problema, é que o pacato povo do país Eu não gosta muito de ventos fortes... Então quando algumas nuvens começam a se reunir no horizonte, se instaura o caos, começa o empurra-empurra e ninguém sabe ao certo para onde correr.

- Mas do que eles correm? Do vento lá de fora ou do vento que vem de dentro? E pra onde eles correm se estão presos em uma muralha? Não seria mais sensato abrir a porta para o incerto do que fechar-se para a certeza de uma dor iminente?

Fez-se um silêncio constrangedor, que não fora seguido de uma resposta com palavras.

O que se sabe é que em um castelo distante de cartas enormes, uma muralha desmoronou. E entre mortos e feridos salvaram-se todos.

Luan Emilio Faustino 13/09/2010 - 04:26h

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