sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Pseudo Liberdade



Já não posso não querer, impuseram-me escolhas, me fizeram querer quando tudo o que eu queria era não querer.
Disseram-me: quem não sabe o que procura não vê o que encontra e fizeram-me acreditar que era preciso foco para se conseguir algo.
Mas nunca me deram o tempo para pensar no que quero, e já não sei se minhas escolhas são motivadas pelo o que outros querem que eu queira, ou se são tomadas justamente para ir contra essa alienação. Seja como for, não são minhas escolhas, nunca fui livre para querer.
O que houve entre as escolhas e eu foi uma doutrina que nunca percorreu os caminhos do questionamento existencial. Sinto-me fútil, vazio e me cerco das coisas frívolas que me fizeram crer serem indispensáveis.
Estariam todos mentindo, ou acreditam piamente em suas verdades questionáveis?! É tanto querer, são tantos desejos internos que me pergunto como algumas pessoas encontram tempo para questionar o querer alheio?
Exaltam a liberdade, morrem por ela, mas afinal: quem é livre? Se não existe consciência para se prender, existiria consciência para assimilar a liberdade? Vivemos em uma época onde querem mais ter do que ser, pois já não vivemos só para nós, é preciso “ter” para mostrar e não “ser” para bastar.
E como se não bastasse ver o mundo assim, você percebe que ele também te vê, e mais que isso, ele quer mudar você! Então se da inicio a batalha mais desproporcional de todos os tempos: você versus o mundo.
E você luta, morre e renasce. Quando se da conta que não se trata de uma guerra simples, dessas que se resolvem com bombas ou tratados de paz. No final, é você contra você mesmo, porque dentro nosso egoísmo inconfessável, acreditamos que tudo aquilo que julgamos ser o melhor para nós, é também o melhor para o mundo.
Nesse momento da percepção maior, quando notamos que o mundo não é exatamente nosso rival, que as semelhanças passam a ser notadas, o discurso passa a perder força e finalmente você passa a querer. Sim, você quer! Você sabe o que quer! E quando se da conta, esta em meio ao senso comum querendo o mesmo que todos. Você olha em volta, você encara o espelho e tudo o que você mais quer é simplesmente ser: diferente!

Luan Emilio Faustino 06/04/10 - 16:22h

7 comentários:

  1. Muito bom Luan. 10! Bem interassante. Fazem muitos refletir!

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  2. Esse sempre foi, sinceramente, um dos textos que eu mais gostei. *_*
    É um dos textos mais declaradamente existencialistas, onde o autor questiona suas vontades ou a falta delas.
    Duvidas que as temos todos nós. Ser alienado afinal de contas é ruim ou bom? Até que ponto querer ser diferente é alienar-se com o incomum? Esses questionamentos vão revelando no texto um extremo conflito com o existir e na busca por sí mesmo e o quão livre se pode ser sem estar sendo influenciado por outros.
    """afinal: quem é livre? Se não existe consciência para se prender, existiria consciência para assimilar a liberdade?"""
    O final dá a sensação de continuidade mas tambm de um recomeço... alguém que aprende com os erros e madurece buscando pela verdadeira liberdade, não a que tentam vender-nos constantemente em uma vã satisfação de desejos implantados.
    ADORO esse TEXTO xD

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  3. É escolhas muitas são feitas tão aleatórias e muitas são escolhidas pelas gente.É eu adoreii esse seu texto, consigo com ele pensar nas minhas futuras escolhas, Parabéns sempre MUITO BOOM *-*

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  4. Luh curti

    esse texto faz refletirmos

    muito bom
    continue assim
    sucesso pra ti *--*

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  5. Nossa parabens! Estou nessa fase e m vi nesses texto. È a maior guerra de todos os tempos nós contra nós mesmos. Parabens

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